quarta-feira, 27 de março de 2019

Palhaço Piolim e o Dia do Circo

Hoje se comemora no brasil o Dia do Circo em homenagem ao grande artista circense conhecido como o Palhaço Piolim. Nascido em 27 de março de 1897, na cidade de Ribeirão Preto, Abelardo Pinto iniciou sua carreira no circo ainda criança e conquistou o mundo. Seu apelido, que se refere a um tipo de barbante, é devido à sua estrutura física: magro e de pernas compridas.


Filho de artistas circenses, seu treinamento teve início muito cedo, e aprendeu as modalidades de ciclista, saltador, casaca de ferro, acrobata e contorcionista, tendo se destacado nesta última, além de tocar violino e bandolim. Aos sete anos de idade apresentava-se no circo de seu pai como “o menor contorcionista do mundo”. Revelou em entrevista ao jornal Folha de São Paulo que seu sonho era ser engenheiro: queria construir casas, pontes, estradas e castelos. Construiu apenas castelos de sonhos de muita gente. “Sou, de qualquer maneira, um engenheiro e estou feliz com isso.”

Em seus textos de cena, revelava ao público os traços de sua cultura e seus costumes do cotidiano. Satirizava os conceitos sociais impregnados na vida das pessoas. Contribuiu muito para o desenvolvimento intelectual e artístico de milhares de crianças e adultos brasileiros. O Imperador do Riso, como também era conhecido, incorporava em suas cenas piadas baseadas em circunstancias da vida do homem comum. Encenava os sofrimentos dos homens, de maneira global, satirizando as máscaras sociais menos favorecidas (mendigos, bêbados, etc.).

Arrastou para as arquibancadas do Circo Alcebíades toda a geração da Semana de Arte Moderna de 22: Antônio de Alcântara Machado, Guilherme de Almeida, Di Cavalcanti, Menotti del Picchia, Oswald de Andrade, Sérgio Milliet, Tarsila do Amaral e Mário de Andrade, entre outros. Ele era o personagem urbano e cosmopolita capaz de guardar em sua expressão corporal a alma brasileira, como buscavam os modernistas. Como escreveu Cândido Motta Filho em Piolin e o circo de cavalinhos em dias lidos e vividos:

"Essa descoberta foi sensacional, mormente porque se tornou o instrumento mais vivo, mais expressivo de nosso protesto. A arte, para o gosto requintado, para um público seleto, era artificial e decadente. O circo era a arte voltando à sua essência(...)"

Oswald de Andrade escreveu a esquete Piolin, professor de clarinete, e retirou do palhaço referências para elaborar o personagem principal da sua peça O Rei da Vela, também chamado Abelardo. Transformou o excêntrico no principal personagem do seu projeto antropofágico ao promover, em 29 de março de 1929, um banquete em que Piolin foi devorado pelos intelectuais.

Participou ainda do drama musical chamado Tico-tico no Fubá, dirigido pelo italiano Adolfo Celi em 1952 e que conta a biografia romanceada do compositor Zequinha de Abreu, autor do da música de mesmo nome do filme, imortalizada na voz de Carmen Miranda. Também estrelou em um programa de televisão no horário nobre da extinta TV Excelsior em 1960.

Pelo seu caráter de líder e artista, junto à associação do circo da qual foi um dos incentivadores, instaurou práticas de luta pela manutenção e perpetuação da linguagem circense, chegando a ser exemplo para toda a comunidade circense, através da sistematização de suas técnicas, servindo de parâmetro para novos aprendizes até hoje.

Para conhecer mais sobre Piolin, confira o documentário abaixo, produzido por Walter de Sousa Júnior como parte de sua pesquisa de pós-doutorado pela Escola de Comunicação e Artes.



A este palhaço memorável, o Imperador do Riso, e a todos os artistas circenses que constroem castelos de sonhos e nos inspiram a ver magia onde o mundo cotidiano nos tira o tesão, evoé!

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