quinta-feira, 21 de fevereiro de 2019

Dia Nacional do Naturismo

Hoje, dia 21 de fevereiro, comemora-se o Dia Nacional do Naturismo, em homenagem ao nascimento da dançarina, naturista, atriz, escritora e feminista brasileira Luz Del Fuego (nascida Dora Viváqua em 1917). Destacou-se como pioneira na implementação do naturismo no Brasil, tendo sido a fundadora do primeiro reduto naturista da América Latina. É também reconhecida por sua contribuição na luta pela emancipação das mulheres.

Dora pertencia a uma família de intelectuais e políticos, que realizava em sua residência reuniões literárias com a presença de relevantes personalidades do modernismo brasileiro, como Carlos Drummond de Andrade e Pedro Nava. Bacharelada em Ciências e Letras, optou por seguir a carreira artística em meados de 1942. Estreou nos teatros de revista do Rio de Janeiro dois anos mais tarde sob o pseudônimo Luz del Fuego, com espetáculos de dança em que aparecia com um casal de cobras enrolado em seu corpo quase sempre nu. As apresentações da moça logo provocaram furor por todo o país e transformaram-na em uma das principais atrações do teatro nacional. Embora repudiada pelos mais conservadores, que a consideravam "uma ameaça aos bons costumes", Luz del Fuego atraía enorme público para os seus espetáculos e tornou-se uma das vedetes mais conhecidas dos anos 50 no Brasil.

No final dos anos 40, começou a expor os seus ideais existencialistas, naturistas, em defesa dos direitos da mulher e da liberdade de expressão, e em combate aos preconceitos sociais. Escreveu dois livros, em um dos quais lançava a teorização do movimento naturista brasileiro e, como resultado, viu-o ser banido das livrarias.

Em um trecho de seu livro "A Verdade Nua", publicado em 1948, defendia o nudismo das acusações de imoralidade:

"Um nudista é uma pessoa que acredita que a indumentária não é necessária à moralidade do corpo humano. Não concebe que o corpo humano tenha partes indecentes que se precisem esconder."

Fundou em 1949 o Partido Naturista Brasileiro, cujo slogan era "Menos roupa e mais pão! Nossa lema é ação!", mas foi impedida de registrá-lo por seu irmão, que destruiu a documentação com mais de 50 mil assinaturas.

Em 1951, fundou Naturalismo, a primeira revista do país a exibir genitálias em suas publicações. Em 1953, um grupo católico de Juiz de Fora, liderado pelo bispo Dom Justino José de Sant'Ana, da arquidiocese local, conseguiu fazer com que as autoridades não a permitissem apresentar-se no município.



A atriz obteve uma autorização da Marinha do Brasil para viver na ilha Tapuama de Dentro, que possui mais de oito mil metros quadrados, e a rebatizou de Ilha do Sol. Lá, fundou o Clube Naturalista Brasileiro, em 1951, o primeiro do gênero na América Latina.

Luz del Fuego foi assassinada, juntamente com o seu caseiro, por dois pescadores na Ilha do Sol, em 19 de julho de 1967. Sua história foi tema do documentário A Nativa Solitária, de 1954, recuperado pelo Arquivo Público do Estado do Espírito Santo (APEES), de cujo acervo faz parte, bem como de um filme que leva o seu nome lançado em 1982 com Lucélia Santos no papel da musa e direção de David Neves. Em 2010, Luz del Fuego foi incluída na lista "Musas que fizeram a história do Rio", elaborada pelo portal G1.



Recomendo fortemente a leitura do artigo da assistente social Dalva Day em seu blog.

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