domingo, 22 de julho de 2018

Bala com gosto de drink pode?


Balas, refrigerantes, sorvetes, iogurtes e com sabor de bebida alcoólica têm gerado preocupação na França por sua popularidade entre as crianças. O assunto, comentado pela Folha de São Paulo, foi matéria do jornal Aujourd'hui en France na última quinta-feira (19/07), com especialistas em dependência apontando os riscos do marketing e do consumo desses produtos para os pequenos. Mesmo que as guloseimas não possuam teor alcoólico, a sociedade teme que esse tipo de publicidade (referida por um dos entrevistados como abominável e insalubre) leve os jovens a subestimarem o álcool quando crescerem.

A França, um dos maiores produtores de vinho do mundo, tem bebidas alcoólicas inspirando até mesmo o perfume de xampus, sabonetes, cremes e óleos para o corpo. Com uma relação tão íntima com o álcool, não surpreende que o mercado explore o desejo das crianças de imitarem o comportamento dos adultos. O país possui até um espumante (sem álcool) para crianças, o champomy.

Vejo muito sentido que haja preocupação em relação às possíveis conseqüências negativas que a naturalização do consumo de bebidas alcoólicas possa ter para os jovens, mas não consigo deixar de estranhar que essa mesma crítica não seja feita em relação aos doces em si. Quer dizer, não pode dar doce com gosto de drink pra uma criança, porque ela pode se tornar alcoólica quando for mais velha, mas pode dar doce sem medo de conseqüências muito mais imediatas como obesidade, hipertensão e diabetes?

Na França, o consumo de álcool está relacionado a cerca de 50 mil mortes por ano, e isso é grave, mas o sobrepeso se mostra igualmente preocupante em todas as partes do mundo. Na Espanha, uma em cada 4 crianças entre 3 e 5 anos de idade está acima do peso recomendado pela OMS. No Brasil, 7,3% das crianças menores de cinco anos já estão com excesso de peso. Quando falamos da faixa etária entre 5 e 9 anos, a porcentagem chega a 33,5%. Segundo pesquisa de orçamentos familiares feita pelo IBGE, refrigerantes e doces somam 13% do que é consumido, mais inclusive que carnes, com 12,6%.
Alguém lembra dos cigarrinhos de chocolate?

E aí, o que pode e o que não pode?

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