Saímos da aula de teatro e fomos pra uma festa ali perto. Após incontáveis minutos esperando uma caipirinha que só existia no plano das idéias, resolvemos conhecer a festa de fato. Não me agradou a princípio: muitas pessoas, pouca iluminação, filas demasiado grandes. Com o intuito de encontrar uma amiga que chegara mais cedo ao evento, começamos a circular.

Do outro lado, um reino místico cujos habitantes pareciam não se importar com a nossa presença, como se tivéssmos nos tornado nativos. Ou como se apenas retornássemos ao lugar do qual nunca deveríamos ter saído. Subimos uma escada iluminada por poucas velas. Em meio a passos vacilantes, avistamos a casa abandonada, sem portas ou janelas, como se nos esperasse. O silêncio só era quebrado pelo ritmo acelerado que vinha de nossos corações.
Contornando a casa, uma floresta habitada por seres mitológicos. Ninfas e sátiros repousavam à luz da chama que dançava no centro da clareira. Ao nosso lado estava a mesa do banquete, que tinha no centro uma ânfora com o divino suco de Baco. Sentamos enquanto ouvíamos os cantos teimarem em se misturar aos sons da natureza.
Na saída, vimos ainda algumas bacantes caídas ao chão, bêbadas e feridas. Vítimas de uma guerra que não tinha vencedores ou vencidos. Apenas atores.
Porque deixamos um lugar tão especial? Tivemos que partir ou aquele reino místico correria o risco de se tornar real.