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terça-feira, 1 de janeiro de 2019

Brasileiros inventam viagem no tempo

Muita gente acha que é coisa de ficção científica, mas esta realidade está mais próxima do que se imagina e está prestes a se concretizar graças ao esforço conjunto de um grupo de brasileiros.

O que muita gente não previa é que o método para a viagem no tempo não dependeria de conhecimentos científicos, tecnologia avançada, conjunções astrológicas ou mesmo poderes sobrenaturais. Para garantir a viagem no tempo, os brasileiros usaram um método nunca tentado antes: a democracia.

Graças a um esforço conjunto de milhares de pessoas, estamos testemunhando um processo experimental que nos fará retroceder pelo menos 50 anos no tempo, retornando a sociedade ao ano de 1964, mas há rumores de que podemos chegar até a Idade das Trevas.

Para alcançar o objetivo foi necessário um esforço conjunto de uma parcela significativa da população, que decidiu combater qualquer ideia de progresso nos âmbitos intelectual e social para eleger um presidente que representava valores considerados por muitos como antiquados e superados.

Os efeitos da viagem no tempo já podem ser observados desde o início do período de campanha eleitoral no ano de 2018, mas acredita-se que a mudança será definitiva e afetará todo o país a partir da tarde de hoje, quando o presidente eleito tomará posse em Brasília. Entre as transformações esperadas estão:

- Venda de armas de fogo com pouca regulação
- Censura à imprensa
- Crença de que militares são inerentemente bons
- Perseguição a pessoas e instituições considerados subversivos
- Fim de direitos trabalhistas
- Fim da ideia de estado laico
- Ideia de um deus único e verdadeiro, e consequente perseguição a religiões incompatíveis com essa ideia
- Perseguição a pessoas de orientação sexual fora do considerado padrão
- Fim das vacinas
- Crença na ideia de que a Terra é plana
- Valorização do ensino religioso e fim do ensino de filosofia nas escolas
- Tortura
- Evangelização de índios
- Aumento do machismo, homofobia e racismo
- Combate ao avanço científico e valorização da fé como única forma de se conhecer a realidade

Dizem ser possível também realizar a viagem temporal para o futuro e fazer a sociedade evoluir, mas teremos que esperar quatro anos para qualquer tentativa nesse sentido.

quarta-feira, 31 de outubro de 2018

Cantadas: Importunação Ofensiva

Coincidência ou não, após o resultado do segundo turno das eleições 2018, estão chegando à redação da SD vários relatos de mulheres que afirmam ter aumentado o número de cantadas e outras abordagens machistas por parte de desconhecidos na rua. Normalmente em grupo, eles se valem dos números para constrangê-las e intimidá-las a não reagir. Quando enfrentados, respondem, debocham e até filmam as vítimas.

Mas não se enganem. Este tipo de conduta é considerada contravenção penal e é passível de multa.

Decreto-Lei nº. 3.688/41:

Art. 61. Importunar alguém, em lugar público ou acessível ao público, de modo ofensivo ao pudor:

Pena – multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis.

Segundo o portal oficial do governo federal, as mulheres podem recorrer às delegacias para registrar o boletim de ocorrência contra os agressores. A Defensoria Pública orienta que as vítimas procurem os policiais militares imediatamente. Para que os agentes consigam identificar os autores do assédio, é importante descrever as características físicas e as roupas usadas por ele. O Disque 180 também recebe denúncias de assédio.



O texto acima, interpretado pela atriz Anna Clara Carvalho, é inspirado em milhares de depoimentos relatados através da hashtag #primeiroassedio e em situações enfrentadas, diariamente, por mulheres.

Em 2014, a ONG Olga lançou o livro Meu Corpo Não é Seu, que une dados das pesquisas e reflexões mais atuais a depoimentos pungentes de mulheres que viveram situações de violência. O ebook está disponível por R$5,99 no site da Companhia das Letras.